segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ela IV

Quase que a afogam, os seus pensamentos. Pensa no ontem, pensa no hoje, pensa no amanhã. Não há opção possível, tudo tem o seu quê de perfeito. São incessantes as perguntas que põe a si mesma, como se as pusesse a outrem, acabando por descobrir tristemente que não tem as respostas que procura. Ou tem, mas não quer viver com elas. Ou tem, mas sabe que não são correctas. Esforça-se por criar uma relação simbiótica entre o sentir e o precisar, mas inconscientemente denota em si a incapacidade de o fazer, pelo menos agora. Sabe o que sente, sabe o que precisa, mas não consegue encontrar ambos no mesmo lugar. Algo fez com que tudo assim se tornasse, e ela não sabe o que é. Não sabe se foi ela, não sabe se foi o momento, não sabe se foi a vida. As respostas continuam a não satisfazer a sua sede de evolução, pois simplesmente se tornam num presente e futuro inatingíveis. Interiormente, ela sabe o que deseja e sabe o que é o melhor para si, mas não quer aceitar nenhum desses caminhos. Quer que eles sejam um único caminho. Mas não são. As questões saltitam e ressaltam com uma insistência insaciante. Ela tem as respostas correctas nos recantos da sua consciência. Só não quer aceitá-las.

Um comentário:

  1. Ninguém soube dizer que crescer custava tanto, certo?

    Pensar no crescer é ficar doente. Sentir a alma a penar por aí sem rumo. O certo é viver o presente, e tentar fazer o melhor que sabemos, tentar ser o melhor que conseguimos. Mostrar que dia-após-dia, se dá um passo em frente. E quando em certos dias se cai. Então descansa-se, recupera-se o folgo. E preparamo-nos para andar de novo.

    A vida até é bastante simples. Nós complicamos de mais. O ser humano é o ser mais imperfeito que existe.

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