quinta-feira, 27 de novembro de 2008
5-1 e uma maçã fresquinha
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Brutal atracção
Sentimento que se sente
Mas não se ouve
Não se vê
Ele não se move
Resguarda-se no coração
do mais calmo peito
Brinca com os pensamentos
Para seu próprio deleito
Não dá sinal de vida
Até que tarde demais seja
Anuncia a sua existência
Oferecendo o medo de bandeja
Bruscamente rouba qualquer inocência
A mais preservada ou a mais perdida
Assusta com a indiferença
Chantageia com o abandono
Cria na alma toda e mais alguma crença
Sem se esquecer de proclamar a sentença:
Um erro menor pode roubar-nos do coração o dono.
Obriga a acção
Sem nos dar o tempo de meditar
Comanda o corpo
como se ele mesmo o fosse
Agimos sem no que fazemos acreditar
Ficamos a desejar que ele estivesse morto,
Que viesse a capa negra e o levasse pela foice
Consegue que o amargo saiba a doce
Que o errado seja certo, embora brevemente
Enquanto o vivemos, interiormente sorrimos
Mas no dia seguinte vem o arrependimento
Que de nós rouba a felicidade
E de repente, nada sentimos
Para além do amargo erro que é a verdade.
À nossa volta vemos nada
Embora lá esteja tudo
Existe apenas a situação criada
Por aquele sentimento que age pela calada
Que é cego, surdo e mudo
Mas que canta mais alto que uma cigarra
Fazendo-nos perder tudo
Fazendo-nos ficar sem nada
O dono a quem o coração pertencia
Foge magoado pelo sentimento,
Pela sua mão austera e fria,
Pelo causado sofrimento
Que tanto o seu dono temia.
Caem as lágrimas dos olhos ao pescoço
Aperta o peito num movimento de dor
Sente-se a pedra fria do fundo do poço
Que embora exista na cabeça e não na realidade
Nos faz largar por nós todo o amor
E nos faz odiar o sentimento pela sua brutalidade
Pela sua capacidade de nos roubar o pudor
De tirar do nosso ser o que faz a distinção
Entre o que está errado e o que não
Entre o que é justo e o que não merece perdão.
Abrem-se os olhos
E tudo existe onde antes existia
Escorre o suor frio aos molhos
Desde a face até aos soalhos
Mas tudo existe onde antes existia
Aquele que as lágrimas cria
Que causou tanto sofrimento
Aquele! O maldito sentimento,
Estava agora desaparecido
Não chegou a ser mais do que um momento
No meio de um sono mal dormido.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Pois é
E digo isto com amor e felicidade!
domingo, 23 de novembro de 2008
Boomerang
Passei por amizades que não esqueci. Amizades de quantidade reduzida mas de elevada importância, que me ajudaram a viver experiências que hoje conto com um sorriso aberto e com os olhos no passado, que me ajudam a rir só por lembrar. Vivem-se anos, vivem-se histórias, e vivem-se para nada. Vivem-se para que sejam só uma altura da vida, e não a vida em si. Hoje estou aqui, a ser quem e como sou, graças aos momentos que tive com essas amizades, e aos que tenho com as amizades de hoje. Entre as amizades de hoje encontrei amores fraternos e não fraternos que não tenciono nunca largar. Porque como as amizades que me fugiram me marcaram, também estas marcam. Mas estas, não as largarei. Se a vida quer que os nossos caminhos sejam diferentes, a vida o terá. Mas caminhar só o fazemos com os passos, o escrever faz-se não só com as mãos, mas também com a alma. E isso a vida, só muito injusta e cruelmente, é que nos pode tirar.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Comer por amor
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
"Blindness"
A história deste livro trata de uma epidemia intitulada "Cegueira Branca" que atinge uma cidade (cujo nome não é mencionado). Basicamente, todo o livro gira à volta da reacção inicial que o ser humano tem a essa epidemia e da forma como consegue sobreviver após ter sido consumido por ela.
Não me admiraram as críticas feitas ao filme. Muita gente achou que descriminava a população cega, muita gente achou que era uma história sem conteúdo e sem sentido, entre tantas mais coisas. Na verdade, essas críticas entristeceram-me bastante. Alguém que é capaz de dizer que descrimina os cegos, é claramente uma pessoa totalmente "narrow-minded" no que toca a filosofias. Esta história não é para ser vista como está apresentada, tudo o que Saramago escreveu é metafórico. Tudo é uma crítica à sociedade e ao ser humano. Quanto ao facto de acharem sem conteúdo e sem sentido... Não é suposto a história em concreto fazer sentido, porque não é o que é para ter em atenção. Uma vez mais, só um "narrow-minded" misturado com um bocadinho de falta de Q.I. diria isso.
Quanto a toda a realização do filme... Li este livro o ano passado e estou à espera deste filme desde essa altura. Foi realmente o cumprimento de um objectivo a curto prazo ter ido aos cinemas ver este pedaço de arte transformado em imagem. É um dos meus livros favoritos de todos os tempos e o filme não lhe ficou atrás. O shôr Meirelles fez um trabalho espectacular em todo o filme. Está muito próximo do livro em imensos pormenores (nos quais eu reparei) e consegue realmente mostrar o que Saramago queria mostrar, tanto que as primeiras palavras que este disse a Meirelles, quando acabou de ver o filme na ante estreia foram "Estou tão feliz por ter visto este filme, como estava quando acabei de escrever o livro".
O "Blindness" é, de longe, dos melhores filmes que já vi até hoje. É um filme muito cru, muito verdadeiro e que mostra o ser humano na sua realidade. Aconselho vivamente a que o vejam e, por favor, tentem compreender o que Saramago queria realmente dizer quando escreveu o seu livro.
"(...) assim está o mundo feito, que tem a verdade muitas vezes de disfarçar-se de mentira para chegar aos seus fins (...)"
"(...) já erámos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medos nos fará continuar cegos (...)"
"(...) na verdade, ainda está por nascer o primeiro ser humano desprovido daquela segunda pele a que chamamos egoísmo, bem mais dura que a outra, que por qualquer coisa sangra."
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Matas-me com uma overdose.
Overdose de ti, da tua pureza e perfeição, da tua beleza e feitiço. Do teu corpo gentil e suave. Do teu sorriso ameno e complexamente simples, desenhado no teu rosto pela mão de tudo o que consegue ser perfeito. Matas-me com a sensação de desmaio acompanhada por uma agitação incontrolável, que leva os meus pés ao céu e deixa o meu cérebro na terra, os meus olhos olhando os teus. Matas-me com o teu toque suave e sedutor que arrepia a minha pele e o meu peito. A gravidade foge de mim e eu voo. Voo nas tuas palavras, no teu jeito, no teu tudo. Flutuo no momento em que sinto a tua pele na minha, o teu respirar no meu ouvido. Unimo-nos numa simbiose perversa e eu sinto-te, sinto-nos. As nossas diferenças transformam-se em meras fantasias sem importância, e por momentos somos iguais. Somos um movimento rítmico de paixão, que me mata de tão repleto de sentimentos. Confusão, excitação, felicidade, desejo. Sinto tudo o que há para sentir em cada poro dos nossos corpos, sinto-te a ti
Sombreados
"O Senhor é o meu pastor, nada me faltará."
Salmo 22