terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ela I

Embora a sala estivesse cheia, ela sentia-se sozinha. Sentia que todos os seus desejos se tinham transformado em dogmas e que isso roubava de si todos os seus princípios e promessas. Era agora composta pelo nada. Não era corpo, não era vida, não era pessoa.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Quadras de António Aleixo

P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.

Sei que pareço um ladrão...
mas há muitos que eu conheço
que, sem parecer o que são,
são aquilo que eu pareço.

Os que bons conselhos dão
às vezes fazem-me rir
por ver que eles mesmos, são
incapazes de os seguir.

Em não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria
mas dão-me as horas amargas
lições de Filosofia.

Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do Mundo,
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo.

Muito contra o meu desejo,
sem lhe querer dizer porquê,
finjo sempre que não vejo
quem finge que me não vê...

Para triunfar depressa
cala contigo o que vejas
finge que não te interessa
aquilo que mais desejas.

Nas quadras que a gente vê,
quase sempre o mais bonito
está guardado pr'a quem lê
o que lá não está escrito.

Um grande senhor, este Aleixo haha

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Oficina de Escrita . 20/01/09

Feito numa aula de Português. O objectivo era fazer um poema de 14 versos (regra que eu não respeitei) que começasse com o verso de Miguel Torga: "A vida é feita de nadas". Totalmente à pressão, como eu tanto odeio, saiu uma bela duma bostinha, mas veremos qual a opinião da stora. Aqui está a magnífica obra de arte que tão pouco prazer me deu a escrever:

A vida é feita de nadas.
É feita de poemas e rimas forçadas,
de escrever palavras obrigadas
a cair nesta folha, desamparadas.

Sobre o que se escreve
quando não sabe sobre o que se escrever?
Como se vive
se não se sabe para o que viver?
Como se aprecia a própria vida
se ela é feita de escuro e vazio,
de incompletudes e frio?

Como se transforma em poeta
alguém que como poeta nunca se sentiu?

Damos-lhe uma folha e mandamo-lo barafustar!
Sobre a falta de inspiração pomo-lo a refilar!
Falta de inspiração e a falta de objectivos!
E inconscientemente ele deixa o lápis deslizar,
e vai refilando acerca do porquê de estarmos vivos!
E enquanto tudo isto toma o seu lugar
vai rimando. O verso puxa a rima, a estrofe puxa o poema e o poema puxa o poeta
que tão entretido no refilanço, nem deu pela inspiração chegar.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Sem título III

Nunca pretendi magoar ninguém. Nunca pretendi enganar ninguém. Nunca pretendi roubar nada a ninguém.

Tudo o que eu possa ter feito que fez alguém sentir-se magoado, enganado ou alvo de furto, foi fruto da minha personalidade difícil. Fruto da minha teimosia e ciúme. Fruto da minha vontade de ter o que quero, a qualquer custo. Muito peso na consciência tenho, por sentimentos, ideias maliciosas e manias que já tive no passado. Nunca pretendi afastar ninguém de ninguém. Nunca pretendi romper qualquer elo que existisse. Nunca prentendi roubar nada. Deixei-me apenas, na minha inocência demoníaca, cumprir o que o meu ser complicado me ordenava.

Nunca pretendi magoar ninguém. Nunca pretendi enganar ninguém. Nunca pretendi roubar nada a ninguém.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Drama

Ai, ai... A adolescência... Vivemo-la como se representássemos numa peça, sempre exagerados em todos os sentimentos. Puxamos a voz do fundo do pulmão, erguemos o braço e despejamos a nossa fala, ora infantilmente, ora de forma adulta. Farta, a adolescência. Fartam os dramas e exageros, as tempestades em copos de água, as birras e as discussões com bases idiotas. Admito que sou uma adolescente. Sou adolescente em mais do que sou adulta. Mas farta. Estou farta já. Apetece-me saltar os últimos anos desta etapa e começar a viver com os pés na terra. A ver o que é importante e o que não é, o que fale a pena discutir por e o que não vale. Farta, a adolescência. Enfim...

domingo, 18 de janeiro de 2009

De mim, para ti

Massamá, 18 de Janeiro, de 2009

Meu querido amigo e paixão,

Quero deixar-te apenas um pensamento: Não te mereço. És demasiado perfeito até nas tuas imperfeições e, ainda assim, eu neglicencio-te. Ponho-me a mim, antes de ti. E tu não o mereces. Mereces quem te ponha à frente de tudo, como eu já pus. Quero acreditar que te amo, apesar de tudo. Mas a verdade é que quem ama, não age como eu. Não é capaz de o fazer. Outra verdade, é que eu não sei o que é amar. Foste o mais perto que tive de sentir amor, se é que não o senti mesmo. Dava tudo para poder oferecer-te o que mereces. Não sou nem um terço do que tu devias ter. Continuas a ser o meu recanto, o meu apoio, a minha escapadela da realidade, o meu melhor amigo. Continuas a ser a melhor pessoa que já conheci, em imensos sentidos, e a mais complicada, noutros tantos. Mereces muito mais do que eu te consigo dar. Mereces uma lua, um planeta, uma galáxia e um universo, e eu só te consigo dar uma estrela. Por isso, peço-te desculpa e lembro-te de que continuas a ser uma das pessoas mais importantes da minha vida, se não a mais importante. Perdoa-me por não te conseguir dar mais.

Um beijo e um abraço caloroso

Mafalda

Sem título II

Caio uma vez, caio duas mas não três. Já decorei onde está o buraco. Da próxima vez, passo ao lado!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Filtros

Os nossos olhos usam filtros. Filtros que captam a realidade como ela é e a mudam a nosso favor. Quando somos crianças, esses filtros modificam a maioria das coisas que vemos. Tornam tudo bonito, cor-de-rosa e com textura semelhante à do algodão doce. À medida que vamos crescendo, o filtro vai perdendo a sua força e vamos começando a ver tudo como é. Entretanto, vivemos mentiras, vemos coisas onde não existem, acreditamos em palavras que têm de tudo menos honestidade e sentimos uma certa despreocupação no que toca aos assuntos do mundo que nos rodeia. Porque o filtro nos protege dessas maleitas. Ele tenta impedir o nosso coração de ser partido muito cedo. Contudo, ele falha eventualmente. Acabamos por ser alvos de mentiras, ilusões e, principalmente, de notícias devastadoras sobre o planeta, que embora na maioria das vezes não nos afectem directamente, nos faz ementender o tipo de espécie animal somos. Chegando a certa idade, começamos a desenvolver uma cerca desconfiança nas palavras dos outros e uma certa dificuldade em criar expectativas, com medo que sejam simples miragens. Começamos a ficar amargurados com atitudes e situações que vemos pelo mundo fora, como guerras, fome, poluição... O filtro perde a sua espessura e efectividade. Vemos a realidade. Sentimos a realidade. Sofremos com a realidade.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Inóspitos recantos

Pouco a pouco, por vagos caminhos vou conduzindo as minhas ideias e os meus sentimentos. De terra batida, alcatrão ou pedra, todos esses caminhos são um aglomerado de incertezas, cujo próprio destino é, igualmente, uma incerteza. Não tenho um caminho seguro pelo qual optar. Todos eles têm à minha espera uma dúvida que tanto poderei ser eu a colocar, quanto outra pessoa. E eu terei que responder, seja como for. Terei que responder a mim mesma ou a outrém, mas terei que responder. As questões não se podem deixar sem resposta. Quando isso acontece, é o primeiro passo para viver uma vida de e se's. Para optar por um caminho, terei que experimentá-los a todos. Não preciso de chegar ao destino, posso apenas viajar por momentos nessa rota e decidir se o que ela traz consigo é mais ou menos benéfico para mim que o caminho que experimentei anteriormente. Depois é uma questão de escolha. De decisão. Se algum dos caminhos for o ideal para mim, não será difícil decidir. Tenho que arriscar. E arriscarei! Vendo bem... Que seria a vida sem risco?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Ramallah . Act Of Faith




In the dark I can't remember your face
but I can feel them snakes behind my eyes.
You'd probably pick up all of your shit and split
if you had any idea what's in my mind.

Oh, I need a favor, hon'.
I need a mercy done.
I guess I'm counting on your light.
I know I ain't what you thought
but with your help and pity HA!
we can make it alright.

Reach up with all of your light
make an act of faith and tear out my eyes.

Reach up with all of your faith
take your mouth off my dick and tear out my eyes.

Can you trust anybody? And do you know for sure?
Do you trust anybody in a world where no one is pure?
Can you trust anybody? And do you dare be sure?
Can you trust anyone? Anything?
Or are you fucking with your eyes shut?

6 de Outubro de 2008

Amo-te como amigo e como amante. Amo-te como se amam certas coisas que dizemos amar, mas não sabemos ao certo. Sabemos, no entanto, que são as únicas coisas que somos capazes de dizer que amamos. As únicas coisas nesta infindável biblioteca de objectos, momentos, sons, paladares, entre tantas outras, à qual chamamos vida. Até ao presente momento, foste tu o primeiro algo que fui capaz de, ainda que com medo e alguma incerteza, dizer que amo. Dizer que sinto amor. Esse sentimento que tanto e tão pouco se sente no coração da alma, que tão óbvio e tão discreto aparenta ser, consoante o momento, o estado de espírito, a forma de pensar. Pensar, eu penso e tu sabe-lo. Penso porque é uma actividade que nos massaja a personalidade, aquela única coisa que ainda nos distingue uns dos outros. Penso porque a pensar, eu sinto. Porque uma coisa está ligada à outra. O coração da alma ao coração do cérebro, o coração do cérebro ao coração do peito. Os únicos corações que preciso para sobreviver. Sinto que posso dizer que te amo, apenas porque acho que nenhum deles conseguiria viver sem ti. Porque preciso deles para ser eu, para ser vida. Porque preciso de ti. Da tua amizade, da tua paixão, do teu corpo, da tua personalidade. Foi a pensar que cheguei a tal conclusão. Foi o coração da alma que disse ao coração do cérebro. E agora aqui estou dizendo, ainda que com medo e alguma incerteza, que sinto amor por ti. Que amo. Que te amo. Não sintas em ti uma obrigação de responder, não o quero. Quero apenas que sejas tu e que saibas como me sinto.

Sem título I

Dizem muito aquelas coisas muito bonitas do "O que não nos mata, faz-nos mais fortes"... Para mim, sempre será muito mais plausível a lei do "O que não nos mata, engorda-nos". Nem que seja engordar o cérebro de chatices.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Querer.

Quero, quero e não quero. Mesmo que quissesse, não quererias. Quero, não quero ou quero mais ou menos. Se não queres então é melhor que por aqui fiquemos. Quero, quero, mas não quero. Tu queres mas não queres. Quereremos os dois, ou não quererá nenhum? Cá p'ra mim não vamos a lado algum. Se ambos quisermos à lua chegamos. Queremos, queremos, mas não queremos. Como querer ou não querer é a questão, por aqui ficamos. Querer, querer, não querer. Queres, quero, mas não queremos. Vamos ambos querer, ou não quereremos querer os dois? Eu acho que quero. E tu?