quarta-feira, 18 de março de 2009

Candeeiro de Lava

Céu preso num recipiente,
Sempre ansioso por sair...
Acorda muito muito lentamente
Quando o aquecer da água sente,
Mas do recipiente não consegue fugir.

Como uma dançaria sensual,
Transforma o corpo em ondas, e estremece.
Rebola, funde-se e despega-se
Como uma senhora a quem dinheiro se oferece
pelo obsceno e desesperado acto sexual.

Calmo, sereno e discreto
Lá reage o pedaço de céu ao calor!
Não se transforma em nada em concreto,
Não sei se não guardará, talvez, algo muito secreto
Nas suas formas de jovem do amor,
Na sua lentidão de movimentos, no seu fulgor,
No seu desejo ardente de chegar ao tecto,
De voltar à sua origem, lá no infinito
Onde o seu azul completa o azul que anoitece
O céu que em seu todo é bonito...

Mas enquanto não consegue escapar,
Deixem-me que vos confesse,
Vivo apreciando sadicamente o seu dançar.
Observo-o desde que aclara ao dia até que escurece
Sempre relaxada, sempre a olhar
Para o seu calmo rodopiar...

Se é algo do qual não abdicava,
Verdade seja dita (que da verdade o mundo carece),
Era deste bonito candeeiro de lava.

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