quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Comer por amor

Não sei se é considerado pouco feminino, mas é um facto que não há muitas coisas na vida que me saibam tão bem como uma boa refeição a uma boa hora do dia (e muitas vezes uns petiscos intermédios, assim como umas gulodices só para adoçar a vida). A começar pelo belíssimo copo de água da manhã (que se deve tomar diariamente antes do pequeno-almoço! O estômago agradece e a tripa presta-nos um culto). Depois da banhoca, da roupinha vestida e do cabelo bem seco, vem aquela maravilhosidade de líquido que vai de encontro com o meu esófago e o avisa que o dia está definitivamente a começar. Aqueles segundos de largos golos é que são o acordar do meu cérebro e do meu corpo que, até esse momento, apenas age automaticamente, seguindo a rotina do dia-a-dia. Após esse copinho saboroso, vem por fim o chamado Pequeno-Almoço. Na verdade deveria ser este a chamar-se Almoço e aquela refeição do meio dia, Pequeno-Almoço. E digo isto com razão de ser! Se é aconselhado por qualquer nutricionista com, no mínimo, uma licenciatura que deveríamos comer bastante mais e melhor ao pequeno-almoço e depois a meio do dia tomar apenas uma refeição ligeira, então a refeição da manhã é, na verdade e para alguém que segue a nutrição correcta, maior do que a do meio dia. Sendo por este motivo que chamar-lhe Pequeno-Almoço não tem qualquer sentido (espero que me tenha feito entender). Mas continuando, que isto de fazer observações inúteis gasta muito do meu tempo, no meu dia-a-dia não tenho a possibilidade (como quem diz, tempo) para me sentar, comer uma taça de cereais (com pouco açucar) com leite magro, uma maçã daquelas que pôs o Adão a suar do bigode, uma bela duma torradinha com margarina e um cafézinho, assim sendo, limito a minha refeição matinal ao leitinho e aos cereais que, por si só, já me sabem pela vida (e quando o autocarro demora ainda tomo um café ali no Manjuba, que sabe sempre bem). Pode não ser o Pequeno-Almoço ideal, mas só Deus sabe como me faz ficar contente. Depois ao longo da manhã, geralmente, deixo-me ficar (ou, em casos raros, lá me rendo à beleza que são os iogurtes líquidos de morango). E até queria falar do que como no resto do dia mas, honestamente, não me apetece. Vamos passar à parte que interessa a muita gente, que se chama "OS DOCES". Os doces! Os! Doces! Aquela coisa linda que não interessa a forma, a textura, a cor ou seja lá o que for, que sabe sempre a pedaço de Céu a qualquer altura do dia. Até aguento bastante tempo sem tocar numa doçura (uma semana... no máximo uma semana, três dias e duas horas) mas chega a uma altura em que as minhas papilas gustativas começam a dar de si e a gritar-me assim de fininho "EPÁ, agora caía bem era um... DOCE". "Ui!", penso logo eu, "já me f#o$d&i" (na verdade não penso com cardinais e cifrões, mas era só para esconder a linguagem pouco educada). Rendida aos berros insaciantes da minha língua sedenta de doçura, lá vou eu puxar do chocolatinho, da gominha, do bolinho ou doutra coisa qualquer que me saiba bem para calar este desejo maldito. E há alturas em que, quando já chego a um estado de saudade tão avançado, chego a saborear o doce de olhinho fechado e a mastigar lentamente, enquanto vou sentindo todos os sentimentos e pensamentos que desperta em mim. Isto só para dizer que os doces são de facto, no meio de todos os alimentos, uma coisa que me dá grande prazer (mas olhem que as maçãs, as pêras e os morangos não lhe ficam atrás! Especialmente se forem molhadas num bocadinho de chocolate derretido). Mas sim, os doces despertam em mim sentimentos maravilhosos (embora tu, meu amor, saibas que és o doce mais doce que eu devoro. E a ti sempre posso devorar quando me apetece, que não me custas na carteira) e são de facto invenções magníficas! Isto tudo só para dizer, até com uma certa tristeza, que sou o tipo de pessoa que mantêm as indústrias chocolateiras e afins a trabalhar e a ganhar bem. E está dito! Fico-me por aqui! Uma boa noite, um bom dia e uma boa tarde, desejo deliciosas refeições a todos e magníficos rendimentos à doçura.

Um comentário:

  1. Tens uma complexa, intrínseca e super interessante forma de expressar por palavras que, na verdade, não são mais do que zeros e uns, todo o cocó que abunda nesse teu cérebro outrora deixado ao abandono, fruto de um desinteresse total pelo mundo escolar.

    Assim, estudante afincada e compenetrada, já gosto mais de ti.

    É pena é que tenha de ler o que escreves, mas enfim, todas as conjecturas têm os seus prós e os seus contras... Este é um deles.



    Mais a sério... Tenho gostado. Vê se continuas, não sejas como eu. :P

    Gostei particularmente desta parte, "uma maçã daquelas que pôs o Adão a suar do bigode", por razões óbvias. :D

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